10 Perguntas Sobre Asma

10 Perguntas Sobre Asma
COMO DEVE SER FEITA A HIGIENE AMBIENTAL?
Pacientes que têm asma (popularmente chamada de “bronquite”) podem ter desenvolvido a doença devido à herança genética, que torna o paciente suscetível à alergia. Nestes casos, em que os sintomas costumam aparecer desde a infância, os exames de investigação alérgica serão positivos (testes alérgicos e exames de sangue como RAST e IgE). Mas qual é a diferença, entre asma alérgica e os outros tipos de asma? Pacientes com asma alérgica se beneficiarão de medidas de controle do ambiente, a chamada Higiene Ambiental. O primeiro item a ser considerado na Higiene Ambiental é o ácaro, um ser microscópico, imperceptível para nossa visão. Existem milhões deles nos tecidos e no pó de dentro de casa, estes seres são importantes desencadeantes da asma em praticamente todos os países, e estão presentes em grandes quantidades principalmente nos trópicos, regiões quentes e úmidas, como é o caso da maior parte do Brasil. Apesar de as fezes e pedaços dos corpos dos ácaros não estimularem tanto a alergia como o pelo do gato, por exemplo, o contato diário com ácaros acaba por tornar o nariz e o pulmão mais sensíveis à mudança do clima, infecções, ou cheiros fortes. Ao deitarmos no carpete, sofá de tecido, no colchão ou nas almofadas, remexemos o pó acumulado que se levanta, invisível, por alguns minutos. Neste momento, nossas vias respiratórias recebem as partículas alergênicas dos ácaros (alérgenos são substâncias que causam alergia). Então, o que fazer? Orientação básica: o que não pode ser limpo com um pano úmido, ou encapado, deve ser retirado. Colchões e travesseiros devem receber capas antiácaros (compradas em casas especializadas em alergia); sofás devem ser de couro (natural ou sintético) e, para limpar a casa, prefira o pano úmido. Lembre-se: não importa como é produzido o colchão ou o travesseiro (penas, algodão, fibras sintéticas, etc). O fundamental é que sejam encapados. Aspiradores especiais com filtro HEPA (sigla em inglês para filtro eficiente de pequenas partículas) são adequados para a limpeza doméstica. Mas há também aspiradores que possuem filtragem pela água. Por trabalharem com alta potência, conseguem retirar partículas dos tecidos de forma adequada, pois sugam abaixo da superfície. Estes aspiradores podem ser alugados para limpezas mensais. Filtragem do ar do ambiente (aparelhos com filtros HEPA) também poderá ajudar, principalmente se houver fonte próxima de poluição, ou algum grau de umidade nos cômodos. É importante você sempre relatar ao médico quais são as condições de sua casa para que juntos discutam esses detalhes e cheguem a uma melhor alternativa.
CRIANÇAS ASMÁTICAS E BICHOS DE ESTIMAÇÃO: A CONVIVÊNCIA É POSSÍVEL?
O contato com animais de estimação como gatos e cachorros nem sempre é indesejado, já que a criança, caso tenha hereditariedade para a asma, pode começar desde cedo a desenvolver anticorpos que reduzirão a chance de crises alérgicas. Estudos realizados na Alemanha, na década de 1990, mostraram que famílias da região rural, que moravam e trabalhavam em fazendas cuidando de animais, viviam rodeadas com muitas partículas de bactérias e, de forma surpreendente, tinham menos alergia. Estudos realizados na Alemanha, na década de 1990, mostraram que famílias da região rural, que moravam e trabalhavam em fazendas cuidando de animais, viviam rodeadas com muitas partículas de bactérias e, de forma surpreendente, tinham menos alergia. Este ambiente mais “sujo”, mais contaminado, poderia estimular o sistema de defesa do organismo. No caso de animais domésticos e sua influência nas crises de asma e rinite, há bastante controvérsia. Já foram observadas variações genéticas entre alérgicos que poderiam explicar as grandes diferenças de sensibilidade a pelos de gato e de cachorro. Recente estudo alemão, acompanhou por 10 anos, desde o nascimento, crianças expostas a gatos, poeira domiciliar e partículas de bactérias. Foi verificado que algumas crianças muito expostas a gatos e mais sucetíveis a alergia tinham mais chance de apresentar asma até os 10 anos de idade, mas algumas produziam um anticorpo protetor e não tinham crises. Mas, geralmente, pessoas que espirram, têm tosse ou coceiras ao acariciar ou beijar os animais precisam mantê-los afastados o máximo possível. Em outras palavras, cada caso deve ser avaliado com cautela. Você sabia? Muitas vezes as crises asmáticas são atribuídas aos animais de estimação, mas as causas podem ser outras. Através de um teste alérgico, ou exame de sangue, pode‐se avaliar a importância de cada agente suspeito. Se os exames demonstrarem que o pelo do animal não é o causador das alergias, não será necessário colocar seu animal de estimação para fora de casa. Dicas válidas tanto para crianças, quanto para adultos. Alguns cuidados devem ser tomados com o seu bicho de estimação: não deixar que durma na sua cama, em travesseiros, almofadas ou sofás que retenham os pelos. Além disso, deixar os pertences do animal do lado de fora (como a própria cama, panos e brinquedos), para que em alguns momentos ele circule por outros ambientes. Em caso de crise, evite contato direto com o animal até que a crise seja controlada com medicação, pois as partículas existentes na pele e pelos do animal podem agravar o quadro alérgico. É recomendável que o gato ou cachorro tome banho 1 vez por semana, com sabonete, ou detergente neutros. Isso evita que partículas de poeira e ácaro se acumulem no pelo do animal. Alguns estudos mostraram que banhos frequentes diminuem a carga de alérgenos dos bichos de estimação. É saudável a socialização da criança e do adulto com animais de estimação e é possível conviver com eles sem que isso traga malefícios à saúde do asmático. Cada caso merece uma análise específica, consulte sempre seu médico para confirmar qual a melhor alternativa
O QUE É ASMA?
Primeiramente, é necessário esclarecer que Asma é uma palavra técnica da área médica. Significa o mesmo que “bronquite”, “bronquite catarral”, “bronquite asmática” e outros tantos nomes utilizados pelos leigos. Também é importante não confundir com Bronquite Crônica, que é a tosse repetida dos fumantes. A asma é uma doença em que existe uma particular facilidade para ocorrerem crises de tosse, peito cheio, falta de ar e sensação de cansaço. Algumas pessoas também apresentam o som do “chiado no peito”, aquele assobio característico do ar passando em um tubo muito fino. De fato, na via respiratória existem minúsculos tubos que permitem a passagem do ar até a região profunda dos pulmões, onde o oxigênio será extraído e passará ao sangue. Se a parede desses tubos está irritada, um pouco inchada e produzindo secreção em excesso (em termos médicos, inflamada), os sintomas podem acontecer repetidamente. A surpresa, para muitos, é constatar que a inflamação persiste mesmo em períodos de “calmaria”,em momentos de sintoma algum. Ou seja, os asmáticos têm uma infalamação constante (geralmente de fundo alérgico) que acomete os brônquios, devido a uma herança genética. É esta a razão de definirmos a asma como uma doença inflamatória crônica, curiosamente, muitos pensam que o termo crônico quer dizer algo grave, ou perigoso, mas na verdade quer dizer prolongada. Existem variações da asma. Por exemplo, existe a que só aparece em crianças pequenas, junto com doenças virais febris e desaparece com o crescimento; a que só aparece com exercício, a não alérgica que surge na vida adulta, etc. Em muitas dessas situações existirá a necessidade de tratamento prolongado, visando uma vida melhor. Tratar, neste caso, não significa curar, mas permitir uma boa qualidade de vida. Quando o indivíduo passa por uma mudança de fase na vida (por exemplo, da infância para a adolescência, ou após uma gravidez), é possível que a asma se modifique, ou “sossegue”. Dez perguntas importantes para o diagnóstico da asma: Sente falta de ar eventualmente? A falta de ar é acompanhada por chiado, aperto no peito, ou “tosse com catarro”? Tem tosse insistente e seca durante a noite ou quando acorda? Já acordou no meio da noite com o peito apertado ou com falta de ar? Os sintomas das perguntas anteriores surgem (ou pioram) quando pratica atividade física? Fica mais cansado que as outras pessoas quando pratica o mesmo exercício? Os mesmos sintomas aparecem quando entra em contato com substâncias irritantes como cigarro, poeira, mofo ou perfumes fortes, ou ainda com mudanças bruscas de temperatura? Gripes e resfriados são mais demorados e com mais sintomas que o das pessoas com quem convive? Alterações emocionais costumam desencadear esses sintomas? Quando há falta de ar, usa algum medicamento para alívio? Se você respondeu “sim” a uma ou mais perguntas, é aconselhável consultar um médico. Além dos diversos tipos de asma, a frequência com que acontecem as crises, e mesmo a intensidade delas, pode variar muito ao longo dos anos. Quando os sintomas são muito eventuais, é chamada de intermitente. Quando a repetição aumenta, recebe o nome de persistente. Além disso, acrescenta-se a intensidade (leve, moderada e grave), conforme o impacto das crises no dia a dia. Recentemente, a diretriz internacional chamada de GINA (iniciativa global para asma, ou Global Initiative for Asthma - www.ginasthma.com) propôs os termos Asma Controlada e Asma Não Controlada, valorizando o acompanhando médico que tem por objetivo uma vida diária o mais próximo possível da normal. Asma não tem cura, mas hoje existem tratamentos eficientes para minimizar ao máximo todos os sintomas e controlar eficientemente a inflamação da asma, evitando crises e hospitalizações, proporcionando ao paciente uma excelente qualidade de vida. O aconselhável é visitar um médico para definir qual é o medicamento adequado para seu quadro clínico. Acredite: uma vida saudável e tranquila é possível mesmo com a asma. Para isso, precisamos ter os medicamentos atuais, seguros e eficientes, como nossos aliados
QUAL É O IMPACTO NA ASMA NOS DIFERENTES AMBIENTES?
Estímulos que resultam em uma crise de asma (a “bronquite”) são chamados, no jargão médico, de desencadeantes. Frio, poluição, ácaros, pelo de animais, mofo ou mesmo pó de um baú velho são exemplos de desencadeantes. Podem estar em muitos lugares e a melhor forma de lidar com eles é a prevenção, evitando o contato, se possível. Se as vias respiratórias do paciente estiverem muito sensíveis (devido a uma piora recente, por exemplo), praticamente qualquer desencadeante poderá causar uma crise. Os irritantes, em princípio, poderiam causar sintomas em qualquer pessoa, mas os asmáticos acabam sendo mais sensíveis a esse contato. Os principais desencadeantes alérgicos das crises são os chamados alérgenos, tais como: partículas de ácaros, fungos, descamação da pele, pelos de animais domésticos e baratas são conhecidos alérgenos urbanos. Eles estimulam a produção de um anticorpo autolesivo chamado de IgE; portanto, podem ser detectados em exames de sangue, ou testes alérgicos. Já os desencadeantes irritantes, como a fumaça de cigarro, ar seco, perfumes, produtos sanitários e poluição ambiental podem trazer um desafio a mais para a sua prevenção, pois estão em quase todos os ambientes, externos e internos. Estudo recente publicado no conceituado Journal of Asthma observou que um terço dos 980 pacientes analisados tinham uma asma descontrolada. Os pesquisadores observaram que parte destes, que tinham os sintomas em excesso, morava próxima a uma grande avenida, ou então no porão de uma casa. Abaixo listamos algumas situações que podem favorecer as crises de asma. Tendo conhecimento, você poderá avaliar cada situação e optar pela melhor forma de se proteger. Cinema: Nos cinemas, os alérgenos como ácaros e fungos (mofo) podem estar nos carpetes e nas poltronas. Mas isso não quer dizer que você deve necessariamente deixar de frequentá-los. Alguns são dotados de desumidificadores, que diminuem um pouco o crescimento de mofo ao controlar a umidade com aparelhos especiais. Férias, viagens e asma Há várias preocupações para os pacientes asmáticos em viagens. A primeira é o meio de transporte. No caso dos aviões, a umidade relativa do ar interno gira em torno de 10 a 20%, o que é altamente irritante para as vias aéreas (acima de 40% é o ideal). Os possíveis riscos associados a viagens por muitas horas em um ambiente fechado de avião foram estudados na última década. Ao que parece, as infecções têm menos chance de se propagar do que se pensava. Da mesma forma, os níveis de poluição têm se mostrado aceitáveis. A umidade baixa, no entanto, continua a ser um problema, resultando em dores de cabeça, tosse, mal estar e possíveis crises. O melhor é levar uma solução salina (comumente encontradas nas farmácias) e utilizá-la a cada hora durante a viagem e ter ao lado a medicação receitada pelo médico. O ar condicionado também pode trazer riscos dentro de automóveis ou ônibus. Excetuando estes meios de transporte para os demais meios não há motivo para preocupação. Conhecer bem o local para onde se vai também é importante, pois ao chegar a um ambiente que ficou muito tempo fechado, sem receber sol e está úmido, provavelmente encontraremos fungos. Estes são muito prejudiciais aos asmáticos, além de serem, eles mesmos, alimentos para os ácaros, que se reproduzem sem controle. Uma dica? Leve capas antiácaros sobressalentes na próxima viagem; assim você evitará surpresas desagradáveis. O melhor que se pode fazer, nesses casos, é manter a asma sob controle, com medicações adequadas, nas doses certas e utilizadas de modo correto, de acordo com as orientações dos médicos. Quando a asma está controlada, os alérgenos e irritantes podem até estar presentes no ambiente , mas como o paciente está controlado os sintomas não aparecem.
CORTISONAS ENGORDAM E INCHAM O PACIENTE?
Os corticoides, ou corticosteroides, pertencem a um grupo de remédios usados há mais de 50 anos na medicina. São drogas potentes com ação antialérgica, anti-inchaço e que conseguem diminuir as inflamações que ocorrem em nosso corpo. É um medicamento tão eficaz que muitas pessoas desistem de ir a consultas médicas e preferem repetir a receita por longos períodos. Por outro lado o uso prolongado dos corticoides é a principal causa dos efeitos colaterais observados, como inchaço, ganho de peso, osteoporose, estrias e diminuição da imunidade. São efeitos que resultam em uma constante preocupação por parte dos leigos quando se deparam com uma receita de cortisona. Poucos sabem, no entanto, que existem duas maneiras de usar os corticoides: em baixas doses e em altas doses. As altas doses são administradas por via oral e injetável, enquanto as baixas doses, quando aplicadas diretamente nos pulmões via dispositivos inalatórios (spray, dispositivos de pó, nebulização, etc) podem ser usadas por anos a fio. É como se fossem drogas de grupos totalmente distintos. Quando, na década de 1980, o aumento da prescrição da primeira classe de corticoides de baixa dose aumentou, temiam-se possíveis consequências na faixa etária pediátrica, teoricamente o grupo mais sensível, por estar em franco crescimento e desenvolvimento. Havia bastante preocupação em relação ao uso prolongado, pois a asma, em alguns casos, demanda alguma medicação de controle por muitos anos, às vezes por décadas. Alguns estudos realizados com as primeiras classes dos corticóides inalados chegaram a demonstrar algum efeito na desaceleração no crescimento de algumas crianças. Depois, constatou-se que o impacto era temporário, o mesmo já não acontece com as classes de corticóides mais atuais (por via inalatória), que praticamente não caem na circulação sanguínea. Estudo recente publicado na revista Pediatric Drugs, por exemplo, avaliou vários trabalhos em que foi utilizado, por longo período, um corticoide inalado de última geração em crianças. Não houve alteração do ritmo de crescimento ou na produção de hormônios. Além disso, o estudo concluiu que o uso da medicação uma vez ao dia contribuía para adesão e manutenção do tratamento, evitando assim recaídas com novas crises. Ainda que raramente, alguns efeitos locais podem ser observados, como rouquidão, ou irritação na gengiva e garganta. O bochecho logo após a inalação do remédio pode diminuir esse incômodo. Uma dica é aproveitar para escovar os dentes em seguida. Por sua alta segurança e eficácia, os corticoides inalados são indicados por especialistas ao redor do mundo como a primeira medicação a ser introduzida no controle da asma. O fato é que os corticoides de baixa dose deixaram de ser o “bicho-papão” dos receituários médicos. Desta forma, mais pessoas podem se beneficiar com tratamentos seguros, com menos recaídas. Os corticoides orais ou injetáveis são reservados agora para uso em Pronto-Socorro durante crise intensa, ou por curtos períodos de tempo em pacientes cuja asma, por algum motivo, saiu de controle. Após retomar o controle da asma usa-se somente o corticóide inalatório que é eficaz e seguro.
BOMBINHAS E OUTROS INALADORES: QUAIS SÃO OS MITOS E VERDADES?
Os dispositivos inalatórios são aparelhos que facilitam a chegada dos medicamentos ao pulmão. Podem ter a aparência de um aerossol (spray), também comumente chamados de bombinhas ou de pequenos aparelhos para que se aspire o pó de seu interior. Outra forma de se administrar os medicamentos é através dos nebulizadores de ar comprimido ou de oxigênio que demandam tempo para utilização, são caros, cansativos e dão trabalho para montar e usar, aos poucos estes equipamentos estão deixando de ser utilizados em casa, ficando seu uso mais restrito aos hospitais e clínicas. É importante entender que uma bombinha é apenas o dispositivo, geralmente feito de plástico e alumínio, que facilita a aplicação do medicamento. Alguns dispositivos são usados para aplicação de mais de um medicamento, quando uma determinada cápsula é colocada no aparelho, aspirada e logo em seguida trocada por uma outra cápsula com outro remédio. Também existem medicamentos em que as duas drogas diferentes podem estar dentro da mesma “bombinha” em spray, ou então dentro da mesma cápsula de aspirar. O fato de algumas pessoas ficarem preocupadas quando se deparam com um inalador de bolso é explicado por uma série de mal-entendidos que ocorreram no passado. Primeiro mal-entendido: a bombinha “vicia”. Quando as crises são intensas e frequentes, um erro grave é usar somente o remédio que produz alívio temporário dos sintomas, sem tratar a causa da doença que é a inflamação. Assim, cada vez mais, e intervalos cada vez menores, será necessário usar o remédio de alívio, dando a impressão que o paciente está ficando viciado no uso da bombinha. O correto é usar medicamentos de controle que tratam a inflação, desta forma o paciente terá a asma controlada sem necessidade de usar os medicamentos de alívio constantemente. Segundo mal-entendido: a bombinha faz mal ao coração. De fato, a medicação que costuma causar a sensação de alívio é um relaxante muscular brônquico, chamado de broncodilatador. Por ter uma ação muscular, ao cair na circulação sanguínea o broncodilatador pode produzir tremor em outros músculos do corpo, com efeito inclusive no coração causando taquicardia. Felizmente este efeito é temporário e nenhum paciente tem ataque cardíaco devido a isso. Crises de asma extremamente graves, não tratadas adequadamente, bloqueiam o brônquio de tal forma que o paciente pode morrer por não conseguir respirar. Não é a bombinha a culpada, o que ocorre é que provavelmente o paciente utilizou durante muito tempo apenas o medicamento de alívio, tratando apenas os sintomas, e não controlou adequadamente a inflamação que é a causa da doença, com isto a asma foi piorando ao longo do tempo sem que o paciente percebesse. Importante notar que tanto os broncodilatadores como os anti-inflamatórios estão atualmente disponíveis no mercado brasileiro em dispositivos inalatórios. Quem vai ao médico regularmente conhece os tratamentos mais atuais e não usa o termo bombinha, pois sabe que diversos medicamentos podem ser administrados ao pulmão via um dispositivo inalatório. Com a informação ao seu lado, o paciente saberá o nome do medicamento que está usando, qual o efeito desejado, com age e qual o momento certo para utilizar cada medicamento, sabendo separar entre os de alívio e os de controle da asma.
COMO É ADESÃO AO TRATAMENTO DA ASMA?
Um dos desafios no controle da asma e de qualquer outra doença crônica, do ponto de vista do médico, é fazer com que o paciente siga corretamente o que foi prescrito, utilizando a medicação da maneira como orientada, mesmo que seja por longos períodos de tempo, ou seja, fazer com que o paciente tenha adesão ao tratamento. Seguir o que foi orientado pelo médico resulta em menos sintomas, melhor controle da asma e menos idas ao Pronto-Socorro e Clínicas devido a crises. Vários fatores podem prejudicar a adesão ao tratamento da asma, tais como: expectativas irreais (esperança de cura), falta de informação e orientação quanto ao uso de dispositivos inalatórios, não saber o porquê de continuar o tratamento mesmo em períodos sem sintomas, antipatia pelo médico, bloqueios inconscientes como a vontade de não precisar de remédio para viver bem, custo de alguns dos medicamentos e também por se cansar de usar continuamente a medicação, entre outros fatores que podem ser apontados. Em relação à informação, é interessante que o paciente saiba que as medidas tomadas pelo médico não são apenas fruto da própria experiência. São também resultado, muitas vezes, de uma diretriz, de um conjunto de orientações definidas em encontros de especialistas do mundo todo (os consensos). No caso da asma, um consenso bastante conhecido é a GINA (sigla em inglês para Iniciativa Global para a Asma www.ginasthma.com), que tem, inclusive, a participação de médicos brasileiros. Além disso, remédios receitados para uso uma apenas uma vez ao dia contribuem mais para a adesão no longo prazo, em comparação aos tratamentos que demandam o uso em duas ou três tomadas diárias. Adicionalmente, se forem fáceis de tomar, aplicar, ou aspirar, contribuiriam bastante para a boa adesão, em contraste por exemplo com as nebulizações, demoradas e trabalhosas que logo podem ser deixadas de lado. Mesmo em pacientes com grau elevado de informação, a palavra de segurança do médico, de tempos em tempos, ajudará a tranquilizá-los sobre a necessidade de uso do tratamento por mais um período, até que os sintomas “acalmem” por um longo tempo. Nesse sentido, a empatia e o vínculo de confiança entre o médico e o paciente são fundamentais. Na verdade, são questões presentes sempre que se lida com doenças crônicas, ou seja, prolongadas. Os bloqueios psicológicos são mais difíceis de se detectar. No fundo, não queremos ser “dependentes” de remédio, mas esquecemos que somos dependentes de uma infinidade de outras atividades para viver bem, tais como o ato de escovar os dentes, escolher a melhor alimentação, fazer ginástica (quando o impulso é o da preguiça), estudar computação, uso de um medicamento por longos períodos de tempo para tratamento de uma doença prolongada ou incurável como diabetes, asma, doenças cardiovasculares, tireóide, etc. Sem estas medidas poderíamos morrer mais cedo, ou na melhor das hipóteses, viver mal com uma série de limitações. Portanto, a questão principal é conhecer os bem os benefícios do tratamento, ter disciplina, definir horários fixos para tomada dos medicamentos, escolher tratamentos que sejam mais simples, para através da adesão ao poder usufruir de uma boa qualidade de vida.
NATAÇÃO & ASMA: QUAIS OS RISCOS E BENEFÍCIOS?
A natação é o esporte que recebe mais indicações quando falamos de asma, vamos verificar a seguir as razões para esse conceito popular. O ambiente fechado das piscinas em clubes e academias é quente e úmido o que pode facilitar a respiração dos asmáticos, principalmente quando a asma não está adequadamente controlada, já o ar frio e seco presente durante o inverno, por exemplo, tem maior chance de desencadear uma crise de asma temporária. Mas atenção, o contato com os gases derivados do cloro podem até trazer resultados oposto, dificultando o tratamento da asma. O aumento da temperatura da água, pessoas se agitando dentro da piscina e os jatos para circulação da água podem fazer com que aumente a concentração de cloro em suspensão no ar do ambiente da piscina. Outros fatores podem fazer diferença. A ventilação do ambiente da piscina, a proporção de cloro aplicado e a temperatura da água influenciam a quantidade de gases irritativos liberados. Analisar todas essas variáveis ajuda a entender porque a natação, em uma determinada piscina, pode ser positiva para algumas pessoas e, para outras, nem tanto. Cada vez mais surgem academias que anunciam piscinas sem cloro, mas faltam estudos para sabermos se essas novas opções são realmente benéficas aos asmáticos. Mas também existem estudos que demonstram melhora na função pulmonar após o exercício regular da natação, provavelmente o cadenciamento da respiração e o fato de que os movimentos durante a natação alongarem o corpo, possa trazer algum benefício para os pacientes asmáticos. Alguns sinais podem ajudar o asmático a perceber que algo não está bem na prática da natação: a pele se torna mais seca e com coceira, olhos irritados nas horas seguintes à natação, tosse e falta de ar, neste caso é prudente pensar no afastamento da natação, mesmo que temporariamente. A medicina já mostrou que não há necessidade de direcionar os asmáticos apenas para a prática da natação. Nas crianças a prioridade é propiciar um esporte que seja de interesse, lúdico e desperte o desejo para a atividade física e que esta possa ser realizada durante muitos anos. Um recente editorial do Jornal Brasileiro de Pediatria tem um título que dá a dimensão: Asma e natação: pesando os benefícios e os riscos. A relevância desse tema na faixa etária pediátrica é grande pois alguns pesquisadores acreditam que o efeito agressivo do cloro na via respiratória é ainda maior em crianças pequenas. Neste caso, a recomendação de frequentar piscinas pode até aumentar a chance de algumas crianças desenvolverem a asma. A controvérsia, portanto, está longe de terminar, principalmente se o paciente, após anos de natação, acreditar que ela “curou” a doença. O fato é que, independentemente da prática esportiva, a maioria das crianças asmáticas, felizmente, terá uma melhora marcante em seus sintomas na adolescência.
A ASMA ESTÁ RELACIONADA COM A EMOÇÃO?
Quem nunca ouviu falar que fatores psicológicos podem desencadear doenças? A asma também pode ter como desencadeante a ansiedade, estresse e depressão entre outros motivos de fundo emocional. É bom salientar que a ansiedade não é algo inerente à asma, mas sim um fator agravante, muita ansiedade pode levar a uma crise de asma em pacientes asmáticos, mas nem sempre é fácil comprovar este fato. Antigamente se acreditava que existiria um determinado “temperamento asmático”, mas hoje sabe-se que os asmáticos têm fatores genéticos bem marcantes, como a própria tendência alérgica, presente na maioria dos casos, que favorecem crises em que os brônquios ficam mais estreitados e inchados devido à inflamação, isso pode acontecer por diversos motivos, como ar seco, infecções, presença de ácaros, poeira e mofo nos ambientes ou relacionado ao hábito de fumar, por exemplo. Um outro exemplo muito relatado pelos médicos refere-se a casos em que os pacientes, ao perceberem que estavam sem sua “bombinha” de alívio, entravam em crise devido à sensação de insegurança. Isso é mais comum quando o paciente não está adequadamente controlado e usa apenas medicações como os broncodilatadores para o tratamento da asma, não fazendo uso dos medicamentos de controle da inflamação. Existem outras situações em que o diagnóstico parece ser de asma, mas não é. Um exemplo comum é a fala de ar “suspirosa”, em alusão ao repetido suspiro profundo, esta sim, inequivocamente de causa psicológica. A questão de como provar o envolvimento do fator emocional na asma ainda está em aberto e novos estudos nessa área são necessários. A melhor forma de não deixar que o lado emocional seja o desencadeador das crises de asma é fazer com que o paciente entenda que pode ter uma vida completamente normal, desde que siga corretamente o tratamento que foi definido com o médico.
ESPORTES MELHORAM A ASMA?
Se é tão saudável praticar exercícios físicos, por que alguns asmáticos passam mal e apresentam aperto no peito, falta de ar e tosse logo após uma corrida, um jogo de futebol ou até mesmo durante a natação, um esporte que segundo o conceito popular é ideal para asmáticos? Inicialmente, vamos analisar o funcionamento de nossa via respiratória, assim teremos informação suficiente para entender as diversas facetas da asma induzida por exercício. Respiramos para extrair o oxigênio do ar, um processo complexo que ocorre nos pulmões, onde tubos finíssimos chegam até o limite dos vasos sanguíneos. O ar, no entanto, carrega também impurezas e pode estar muito frio ou com pouca umidade, fatos que produzem irritação na delicada mucosa que reveste os brônquios. A via respiratória começa no nariz, onde há regulação da umidade, da temperatura, filtragem de bactérias e partículas nocivas presentes no ar que respiramos e que são praticamente invisíveis aos nossos olhos. Podemos dizer que o nariz funciona como um condicionador e filtro do ar, natural e próximo da perfeição. Durante o exercício físico a demanda por oxigênio aumenta muito, o padrão respiratório se eleva e a maior parte do ar respirado entra direto pela boca se dirigindo aos pulmões. A situação torna-se complicada se o atleta estiver em um ambiente seco e frio, quando então o ar respirado chegará em condições não ideais. A via respiratória da maior parte das pessoas resistirá a esta agressão, desde que não seja muito intensa e contínua, mas os asmáticos, aqueles que já têm os brônquios sensíveis e propensos a ter uma resposta exagerada (que é a contração brônquica, ou seja, o broncoespasmo), podem vir a apresentar sintomas. Um fato muito preocupante é a constatação de que a maioria dos pacientes que acreditam ter a asma controlada, podem desenvolver sintomas durante o exercício físico, mas em vez de conversarem sobre isso com o médico, tendem a diminuir a atividade física gradativamente até se tornarem sedentários, o pior é que crianças que têm asma muitas vezes passam a ter repulsa ao exercício, achando que não têm aptidão para o esporte. Antigamente, médicos orientavam seus pacientes asmáticos a manterem o máximo de repouso, mas isto está muito distante da realidade atual. Atualmente, entre atletas olímpicos, observa-se um grande número de asmáticos competindo por medalhas. Esse é o outro lado da moeda: na ânsia de “vencer a asma”, muitos se tornam amantes do esporte. Isso não significa que eles não precisem continuar o tratamento. Pode ser até mesmo o contrário: o esporte profissional (ou de elite) exige tanto da via respiratória que às vezes a medicação tem que ser reforçada. A ginástica regular, cadenciada e repetida, não direcionada à competição, têm efeito benéfico na asma, fazendo com que muitos diminuam a necessidade de medicação. Fique atento: a fase inicial é de controle ativo com remédios seguros e modernos. Assim, o paciente conseguirá atingir seu melhor condicionamento físico, melhorando sua qualidade de vida.