Espirrar, como tantos outros reflexos do nosso organismo, tem o objetivo de nos proteger. Substâncias potencialmente lesivas, poeira, partículas de poluição, ao entrarem em contato com a mucosa nasal, desencadeiam uma rápida inspiração, com intuito de encher os pulmões, seguida da contração imediata do diafragma (músculo abaixo dos pulmões), além do tórax e da musculatura facial, resultando na eliminação explosiva do ar. Minúsculas gotas de saliva e coriza saem a mais de 150 km/h pela boca e pelas narinas. Por vezes, este processo ajuda a espalhar alguns vírus na população.
Aliás, pesquisadores acreditam que não só animais e plantas se beneficiaram da evolução das espécies. Os microorganismos, ao produzirem uma irritação nasal que resulta em espirros, mostram sua “inteligência”, fazendo que nosso corpo trabalhe para disseminar o agente de uma doença respiratória. A necessidade de colocarmos repetidamente a mão no nariz, potencializando a transmissão, parece fazer parte desse processo.
A irritação nasal, de causa alérgica, também produz o sintoma de espirro, por vezes induzido à repetição sucessiva (em salva). Neste caso, o sintoma é apenas o resultado da lesão da mucosa, que expõe suas terminações nervosas. Além disso, substâncias próprias do quadro alérgico, como a histamina, também estimulam os nervos responsáveis pelo reflexo (lembre-se que os antialérgicos são chamados tecnicamente de anti-histamínicos).
Alguns indivíduos têm um particular desequilíbrio nasal, quando o assunto é o reflexo nervoso. Explicando melhor: a adrenalina ajuda a contrair os vasos, encolhendo as “esponjas” nasais (ou cornetos) e deixa o nariz em uma situação de menor propensão ao espirro. Minúsculos nervos que chegam ao nariz têm a função contrária, isto é, causam dilatamento dos vasos, aumentam a liberação de secreção e espirros podem acontecer.
Ocorre que nas pessoas que apresentam esse “desequilíbrio”, pequenas alterações de temperatura, como levantar-se da cama e colocar o pé no chão, por exemplo, não são devidamente interpretadas pelo organismo. Como resultado, mais espirros.
Dr. Raul Emrich Melo